Arquivos do Blog

Ahhh… Eu sou gaúcho!

Regionalismo aplicado em mais um 20 de setembro

Por: Francieli Fão

 

 

As cores da bandeira riograndense lembradas até nos telhados das cabanas.

 

As comemorações da Semana Farroupilha movimentaram a cidade de Frederico Westphalen no 33ºAcampamento Farrapo. Os frederiquenses demonstram o orgulho pelo estado, acampados em cabanas montadas no centro da cidade durante toda a semana.

Sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra! Talvez para muitas pessoas, isso não tenha muito sentido, já para os gaúchos, é uma filosofia de vida, inspirada em uma das mais longas batalhas que o estado protagonizou. Dez anos de luta por uma única causa: sede de justiça.

No dia 20 de setembro, comemora-se o dia do gaúcho. Durante toda a semana, centenas de pessoas compartilham intensamente seu amor pelo Rio Grande de maneira simpática e acolhedora, contagiando-se pelo uso de roupas típicas como a bombacha, pela culinária atraente que o estado proporciona em seus acampamentos, tomando um belo chimarrão perto da brasa de uma churrasqueira. Nesse período do ano, o hino do estado é cantado com tanto ou maior afinco que o próprio hino nacional, já que o mesmo é cantado no dia 7 de setembro em comemoração ao dia da pátria, demonstrando assim, o orgulho de morar em uma terra onde viveram grandes heróis.

Esse regionalismo exagerado costuma criar problemas de imagem para os gaúchos, sempre acusados de se sentirem superiores ao resto do país. Dessa forma, costuma-se ouvir dizer que os gaúchos comemoram uma revolução que não deu certo. Na realidade, não se comemora só a revolução que não deu certo, e sim a união e coragem de um povo que batalhou durante anos pelo reconhecimento de seus ideais.

A abertura da Semana Farroupilha em Frederico Westphalen, deu início as festividades na Praça da Matriz, na tarde do dia 15 de setembro com a presença de diversas autoridades, que ascenderam à chama crioula em uma bela cerimônia, que reuniu grande número de pessoas no 33º Acampamento Farrapo.

Resgate da história da comemoração em Frederico Westphalen

As comemorações em Frederico Westphalen acontecem desde 20 de setembro de 1935. Por ocasião do Centenário da Revolução Farroupilha o então padre, Vitor Battistella, organizou uma comemoração na praça central, onde concentraram-se cerca de mil cavalarianos, sendo ali encenada a primeira batalha entre maragatos e chimangos.

Em 14 de abril de 1957 foi fundado o primeiro CTG na cidade, chamado Alferes Epifânio em homenagem ao um grande lanceiro da revolução de 30 e fechou suas portas em 1968. Alguns anos depois surge o CTG Rodeio da Querência atuante nos dias de hoje.

Em 1974 foi realizado o primeiro Acampamento Farrapo até 1977 o acampamento era realizado na Brigada Militar.

Em 1978 o acampamento se realizou no Ipiranga.

De 1979 a 1981 foi no Rancho da Integração.

Em 1982 e 1983 no Galpão do CTG Rodeio da Querência.

De 1984 a 1986 na Rua do Comércio, centro da cidade.

Nos anos de 1987 a 1989 o acampamento realizou-se em dois locais diferentes: em frente à Catedral e na Rua Tenente Lira.

De 1990 a 1993 no parque de exposições.

De 1994 a 1997 não houve acampamentos, somente o movimento gaúcho por causa do abuso de alguns participantes que faziam uso de bebidas alcoólicas, estragando o espírito tradicionalista do evento.

Em 1998 a 2002, voltaram os acampamentos para a Rua do Comércio com toda força, onde surgiu a elaboração de um regulamento definitivo para a não ocorrência de desordem durante a realização do evento.

Em 2003 e 2004 os acampamento voltaram a ser realizados no CTG Rodeio da Querência.

E nos anos de 2005 a 2010 os Acampamentos também tiveram sede na Rua do Comércio como acontece neste ano.

Wilson Ferigollo relembra do surgimento dos primeiros acampamentos farrapos em Frederico Westphalen, e ainda traduz o sentimento de orgulho de ser gaúcho: “Ouço muitos dizerem: Vocês gaúchos tem lá o que ninguém tem vocês levam aonde vão bombachas, vestidos, chimarrão… Essa é uma cultura que ninguém vai nos tirar”.

A cultura tradicionalista também move os mais jovens: “Eu gosto de sentir como a nossa cultura é valorizada em diversos aspectos desde como era antigamente até a permanência de muitas dessas características nos dias de hoje”, explica a jovem Maiara Pretto.