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Fonte inesgotável de história e conhecimento é redescoberta pelos frederiquenses

Aumentou a retirada de livros na Biblioteca Municipal de Frederico Westphalen

Por: Di Anna Lourenço

Em novembro, o município de Frederico Westphalen, localizado na região do Médio Alto Uruguai no Rio Grande do Sul, realiza a XXIX Feira do Livro. O blog Mochila Cultural resolveu ir á Biblioteca Municipal conferir o apreço e interesse da população pela leitura. Aproveitou, ainda, para conferir de perto o novo ambiente.
Desde abril de 2011, quem passa na Rua do Comércio vê um grande livro na varanda do prédio da Câmara dos vereadores. Além deste, enxerga-se a placa indicativa da Biblioteca Municipal Carlos Luiz Vendruscolo. Ao entrar na biblioteca encontra à direita todo o acervo adulto. Nas paredes, como quadros, estão algumas das colunas escritas pelo homenageado e, ainda, algumas notas escritas por pessoas ilustres da cidade em memória do amigo. Do lado esquerdo está o balcão de atendimento e a sala de inclusão digital. Ali, também, à frente do balcão, aos fundos do recinto é a sala de leitura, bem iluminada e decorada. Ao lado desse ambiente, fica a sala infantil de leitura, com mesas adequadas ao tamanho dos pequenos leitores e livros à disposição de suas mãozinhas.

Um pouco de história

A Biblioteca Municipal de Frederico Westphalen foi fundada em 29 de março de 1960 pelo decreto 15.365. Neste ano de 2011, com mais de 51 anos, foi reinaugurada em novo local e recebeu o nome do colunista do jornal O Alto Uruguai, natural de Julho de Castilho, o economista Carlos Luiz Vendrúscolo. O escritor, de acordo com a Coordenadora da Instituição Beatriz Luiz Amanfil, era uma pessoa estimada e conhecida entre a alta sociedade da região, pois, além de escrever com maestria, foi, por muitos anos, o contador do Frigorífico Damo S.A _ na época, uma das empresas mais importantes no município. Cargo que ocupou até se aposentar. Beatriz, sobrinha de Vendrúscolo, nos conta que o tio era conhecido pelo pseudônimo de Carlão e, por mais de 30 anos escreveu para o jornal. Ainda, acrescenta que a família do colunista reside no município e que um de seus filhos é o advogado trabalhista e professor universitário Tarsiso Vendrúsculo.

Carlão, colunista de renome do Jornal O Alto Uruguai

As primeiras aquisições de livro, de acordo com os documentos arquivados, ocorreram em 23 de abril de 1989. A escolha desse primeiro acervo ficou por conta da bibliotecária e auxiliar, conforme sugestão dos leitores da época. Beatriz explicou que, naquele tempo, era muito difícil a locomoção da população, em sua maioria residente nos interiores. Uma alternativa encontrada por uma professora e Secretária da Educação, Wilma Ignez Mariotti, foi mandar confeccionar, em madeira, algumas malas literárias. Nelas, eram colocados diversos livros e enviadas às escolas, facilitando o acesso à leitura.

Malas literárias eram utilizadas para levar a biblioteca até as escolas do interior de FW

Curiosidades e raridades

As atuais auxiliares do administrativo da biblioteca, Cleuza Descovi da Rocha, 64, e Ondina Reis, 48, disseram acreditar que o primeiro livro escrito no município seja o intitulado “Painéis do Passado”. Um livro escrito, em 1969, pelo então Monsenhor Vitor Batistela responsável pela construção da catedral Santo Antônio e primeiro bispo da Diocese de Frederico Westphalen. A capa do mesmo lembra uma xilogravura, na qual há um barril enchendo-se de água, peões descansando em baixo de árvore e um cavalo amarrado pelo cabresto a outro arbusto. Nela, o detalhe é a cor das imagens, totalmente verde, fazendo alusão à cor predominante na natureza daquela época. Ao folhear o livro, o leitor encontra 40 paineis subjetivos sobre diversos assuntos, como, por exemplo, os índios, a natureza, o povo, a religiosidade, a construção da igreja, histórias de algumas personalidades, origens de certos municípios da região, e, principalmente, as impressões do escritor sobre a cultura e o povo local. Mas, quando este livro entrou para o acervo, a biblioteca já tinha em seu cadastrado mais de 6 mil livros. Hoje, 2011, a biblioteca conta com 30 mil exemplares, de literatura brasileira e estrangeira. Apesar de não saber a quantidade exata, as bibliotecárias afirmaram haver mais de uma dezena de livros no acervo escritos por frederiquenses. O que tende a aumentar, dado há existência de uma Câmara de Escritores do município.

Cleuza, atenciosamente, leva o blog Mochila Cultural para ver os diários oficiais que estão arquivados. “Temos, de 1973 para cá, todos os diários oficiais”, nos informa. São enormes livros azuis fundamentais para os servidores que precisam dos números e documentos comprovantes de suas nomeações. A auxiliar, inclusive, aproveitou para mostrar alguns dos jornais do O Alto Uruguai arquivados. “Destes, temos os exemplares desde 1994”, ressaltou.

A mudança de local

De acordo com Beatriz, a biblioteca teve de ser transferida, do segundo andar do prédio onde está instalada, para o térreo, pois não havia acessibilidade para as pessoas portadoras de necessidades especiais. Agora, “além da acessibilidade temos a disposição do leitor água e banheiros, este, também adaptado aos que se locomovem em cadeiras de rodas”. A coordenadora ressalta que “antes da mudança de local, diariamente, eram apenas 10 registros de entrada e saída de livros. Hoje, ao contrário, diariamente, temos uma média de 40 a 50 devoluções e retiradas. E, em média, 5 a 10 cadastros de novos usuários por semana”. “Foram feitos novas aquisições de livros, pois o acervo ficou por mais de 20 anos sem investimento”. Pessoas do interior e donas de casa redescobriram o prazer de ler, pois vir à biblioteca ficou mais fácil, ressaltou.

O cadastro, também, foi modernizado, lembrou a coordenadora. “A pessoa trás apenas identidade e comprovante de residência. Fazemos a fotografia na hora, através de uma webcam”. Outro serviço é a inclusão digital. A biblioteca adquiriu 15 computadores. Estes são utilizados por qualquer pessoa cadastrada e que tenha interesse pelas aulas de computação. Beatriz acrescentou que os micros, ainda, podem ser utilizados para fazer pesquisas na internet. “Dada a essa facilidade, temos 4 mil leitores. E, destes, em mais ou menos 6 meses,  700 são cadastros novos” acrescentou Beatriz.

Os leitores

De acordo com Cleuza e Ondina, a Biblioteca Municipal Carlos Luiz Vendrusculo tem leitores de todas as idades. E as visitas são mais frequentes entre o período das 16 h até as 20h. “Alguns vem ler os jornais, pois a biblioteca assina o jornal O Alto Uruguai, de grande circulação na região e o Correio do Povo, de circulação estadual”, informaram.

Enquanto estávamos por lá, a estudante do 4º ano do Ensino Fundamental na Escola Estadual Afonso Pena, Marília Luiza Boscardin Tagliapietra, 9, efetuava a retirada de mais do livro – Menino do dedo verde, da autora Maurice Druon. Segundo ela, costuma ler, em média, 2 livros por semana. Mas, também, retira livros na biblioteca de sua escola. Marília fala que a biblioteca municipal é muito importante, pois “se não a tivéssemos, teríamos que comprar os livros”. Esta leitora nos contou que tem seu cadastro desde os 6 anos. Para saciar a curiosidade da repórter, Ondina fez uma busca e nos mostrou o registro, no qual contém a foto da menina.

Marília Luiza e sua mãe Rita Terezinha Boscardin Tagliapietra são freqüentadoras assíduas da Biblioteca. Na foto do sistema, a menina tinha 6 anos

No momento da reportagem, três estudantes estavam devolvendo alguns livros e retirando outros. Uma delas, Paula Caroline da Rosa Matia, 17, estava devolvendo o livro Diário do Vampiro, Reunião Sombria, de L. J. Smith. Esta, nos disse que tem predileção por livros de suspense e aventura, e principalmente, terror. Por mês, ela, assim como as outras duas amigas, costuma ler em média 3 livros. “Penso que a biblioteca é importante para aumentar o nível de leitura. É um incentivo, pois basta fazer a ficha e vir retirar. Não tem outros custos.” Enquanto, Letícia Larsen Bonett, 16, não tem preferência, lê qualquer gênero. Letícia, nesse dia, estava retirando o livro Cartas de Frei Beto de autoria do próprio frei. “A biblioteca, para mim é fonte de conhecimento e histórias”, complementou. A estratégia desta, para escolher o livro, consiste em ler as primeiras páginas, após agradar da capa, “se for interessante, como esse me parece, eu levo”, disse finalizando. Já Tuane Heineck Nicola, 17, dá mais atenção à romance. O livro que veio retirar foi Ventos uivantes, da autora Emily Bronte.

Cleuza, ainda, nos informou que livros espíritas são muito procurados. Acrescentou, ainda, que a biblioteca efetua e recebe doações de livros.

Dica importante

Para conferir a programação da XXIX Feira do Livro de FW, basta acessar AQUI.

Ahhh… Eu sou gaúcho!

Regionalismo aplicado em mais um 20 de setembro

Por: Francieli Fão

 

 

As cores da bandeira riograndense lembradas até nos telhados das cabanas.

 

As comemorações da Semana Farroupilha movimentaram a cidade de Frederico Westphalen no 33ºAcampamento Farrapo. Os frederiquenses demonstram o orgulho pelo estado, acampados em cabanas montadas no centro da cidade durante toda a semana.

Sirvam nossas façanhas de modelo a toda terra! Talvez para muitas pessoas, isso não tenha muito sentido, já para os gaúchos, é uma filosofia de vida, inspirada em uma das mais longas batalhas que o estado protagonizou. Dez anos de luta por uma única causa: sede de justiça.

No dia 20 de setembro, comemora-se o dia do gaúcho. Durante toda a semana, centenas de pessoas compartilham intensamente seu amor pelo Rio Grande de maneira simpática e acolhedora, contagiando-se pelo uso de roupas típicas como a bombacha, pela culinária atraente que o estado proporciona em seus acampamentos, tomando um belo chimarrão perto da brasa de uma churrasqueira. Nesse período do ano, o hino do estado é cantado com tanto ou maior afinco que o próprio hino nacional, já que o mesmo é cantado no dia 7 de setembro em comemoração ao dia da pátria, demonstrando assim, o orgulho de morar em uma terra onde viveram grandes heróis.

Esse regionalismo exagerado costuma criar problemas de imagem para os gaúchos, sempre acusados de se sentirem superiores ao resto do país. Dessa forma, costuma-se ouvir dizer que os gaúchos comemoram uma revolução que não deu certo. Na realidade, não se comemora só a revolução que não deu certo, e sim a união e coragem de um povo que batalhou durante anos pelo reconhecimento de seus ideais.

A abertura da Semana Farroupilha em Frederico Westphalen, deu início as festividades na Praça da Matriz, na tarde do dia 15 de setembro com a presença de diversas autoridades, que ascenderam à chama crioula em uma bela cerimônia, que reuniu grande número de pessoas no 33º Acampamento Farrapo.

Resgate da história da comemoração em Frederico Westphalen

As comemorações em Frederico Westphalen acontecem desde 20 de setembro de 1935. Por ocasião do Centenário da Revolução Farroupilha o então padre, Vitor Battistella, organizou uma comemoração na praça central, onde concentraram-se cerca de mil cavalarianos, sendo ali encenada a primeira batalha entre maragatos e chimangos.

Em 14 de abril de 1957 foi fundado o primeiro CTG na cidade, chamado Alferes Epifânio em homenagem ao um grande lanceiro da revolução de 30 e fechou suas portas em 1968. Alguns anos depois surge o CTG Rodeio da Querência atuante nos dias de hoje.

Em 1974 foi realizado o primeiro Acampamento Farrapo até 1977 o acampamento era realizado na Brigada Militar.

Em 1978 o acampamento se realizou no Ipiranga.

De 1979 a 1981 foi no Rancho da Integração.

Em 1982 e 1983 no Galpão do CTG Rodeio da Querência.

De 1984 a 1986 na Rua do Comércio, centro da cidade.

Nos anos de 1987 a 1989 o acampamento realizou-se em dois locais diferentes: em frente à Catedral e na Rua Tenente Lira.

De 1990 a 1993 no parque de exposições.

De 1994 a 1997 não houve acampamentos, somente o movimento gaúcho por causa do abuso de alguns participantes que faziam uso de bebidas alcoólicas, estragando o espírito tradicionalista do evento.

Em 1998 a 2002, voltaram os acampamentos para a Rua do Comércio com toda força, onde surgiu a elaboração de um regulamento definitivo para a não ocorrência de desordem durante a realização do evento.

Em 2003 e 2004 os acampamento voltaram a ser realizados no CTG Rodeio da Querência.

E nos anos de 2005 a 2010 os Acampamentos também tiveram sede na Rua do Comércio como acontece neste ano.

Wilson Ferigollo relembra do surgimento dos primeiros acampamentos farrapos em Frederico Westphalen, e ainda traduz o sentimento de orgulho de ser gaúcho: “Ouço muitos dizerem: Vocês gaúchos tem lá o que ninguém tem vocês levam aonde vão bombachas, vestidos, chimarrão… Essa é uma cultura que ninguém vai nos tirar”.

A cultura tradicionalista também move os mais jovens: “Eu gosto de sentir como a nossa cultura é valorizada em diversos aspectos desde como era antigamente até a permanência de muitas dessas características nos dias de hoje”, explica a jovem Maiara Pretto.